RUA SATURNINO DE MENEZES – ACAJUTIBA – HISTÓRICO
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Manifestação folclórica, resgate da expressão cultural dos mascarados "Caretas" em Acajutiba. (Foto: Arquivo do Autor, com Joselita Edeltrudes) |
Dados geográficos
Estende-se no sentido Norte-Sul, partindo do cruzamento com a rua Pinto Dantas até o povoado Lagoa Seca; composta por via dupla desde seu início onde parte em “V” se alargando até aproximadamente 600 metros e daí se fecha até 1200 metros do seu comprimento aproximado de 2.200 metros; com topografia plana e retilínea do seu inicio até aproximadamente 1500 metros quando forma um arco suave até o seu final.
Está localizada no sistema geodésico SIRGAS 2000, com as coordenadas: Latitude 11° 39' 50” Sul e 38° 01' 11” Oeste. A sua altitude é de 180 metros em relação ao nível do mar, com observação para o Fuso horário de Brasília alterado na sua variante por consequência do Horário de verão adotado e aplicado anualmente.
Dados estatísticos
Com aproximadamente 295 casas de residencia, comércio e áreas e terrenos ociosos de um e outro lado e aproximadamente 850 habitantes. Com fornecimento regular de água potável, energia elétrica e telefone, contudo com rede pública de esgoto o qual se faz de forma individualizada através de fossas sépticas.
Pontos de referências
A rua Saturnino de Menezes é onde se localiza a delegacia de policia, estádio municipal de esportes, posto de abastecimento de combustível, reservatório de água da Embasa, além de lanchonetes, oficinas mecânicas, clinica de exames médicos, a maior escola municipal e outras sortes de comércio e serviços como lanchonetes, mercadinhos, material de construção, deposito de frutas, padarias, farmácia, serrarias, central de repetidora de TV e telefonia celular e por excelência, via de caminhadas e exercícios físicos para os moradores da localidade.
Aspectos históricos
A rua Saturnino de Menezes é a antiga “Rua da Rodagem”, popularmente batizada por ser a primeira estrada aberta e que dava acesso direto ao centro do povoado de Cajueiro ainda no inicio do Século XX.
A cidade tem sua origem em 1905 quando da instalação da estrada de ferro que ligava o ramal Timbó-Sergipe, trecho da antiga Viação Férrea Leste Brasileiro. Por esta ocasião já existia a antiga estrada conhecida como “estrada da praia”, paralela á que é hoje rua Saturnino de Menezes.
A abertura desta dita rodagem foi em função do transporte de pessoas, cargas e materiais para a construção da estrada de ferro, visto a estrada da praia se tratar de uma cujo formato irregular e, por isso, com muitas curvas, dificultava e tornava mais distante o destino de quem se dirigisse da antiga estação ferroviária do Timbó para o centro do povoado Cajueiro.
É portanto, uma das quatro mais antigas ruas da cidade ao lado das ruas: J.J. Seabra (ou Sapucaia), rua Severino Vieira (ou do Cruzeiro) e rua Castro Alves (ou da Boa vista).
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Rua Saturnino de Menezes (Foto: Arquivo do Autor) |
A sua denominação foi dada a partir do Projeto de Lei Municipal nº 03 de 08 de maio de 1954, que atribuía nomes ás ruas e logradouros públicos da cidade de Acajutiba.
Recebeu este nome por homenagem a Saturnino de Menezes, antigo morador de cajueiro e fazendeiro da região. Saturnino, era, por esta época, proprietário de boa parte das terras onde hoje se localiza a maior parte da área urbana de Acajutiba, cuja área ultrapassava 8 Km².
Por vontade própria e visando se mudar para outro município onde possuía outras fazendas, resolveu doar toda sua propriedade de terras e benfeitorias à santa padroeira da localidade N. Srª das Candeias, ato que foi lavrado em escritura pública datada de 1947, o que implica ser o que hoje têm-se por rua Saturnino de Menezes como “terras de N. Srª das Candeias”, ou em outras palavras, propriedade da Igreja Católica, sendo que seus moradores detêm, somente, recibos de posses e títulos de aforamento.
Por vontade própria e visando se mudar para outro município onde possuía outras fazendas, resolveu doar toda sua propriedade de terras e benfeitorias à santa padroeira da localidade N. Srª das Candeias, ato que foi lavrado em escritura pública datada de 1947, o que implica ser o que hoje têm-se por rua Saturnino de Menezes como “terras de N. Srª das Candeias”, ou em outras palavras, propriedade da Igreja Católica, sendo que seus moradores detêm, somente, recibos de posses e títulos de aforamento.
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Sr Valério, morador mais idoso da rua Saturnino (Foto: Arquivo do autor) |
Até o final da década de 1970 esta rua se constituía de duas estradas de cascalho e terra por onde trafegava carros e ônibus que faziam o transporte para a cidade de Esplanada e para a capital do estado, era de aspecto humilde e pouco adensada, com casas esparsadas e as chamadas malhadas, (pequenos pomares), no entanto já possuía uma das primeiras escolas do município, conhecido como “escola rural”, sendo que em 1982 foi passada para o governo do estado com a denominação de Colégio democrático estadual Professora Maria Esperança Lopes de Andrade, condição que perdurou até 2015 quando foi oficialmente municipalizada, mantendo o mesmo nome, cujo qual, é uma homenagem a uma das pioneiras da educação no município e, também, moradora da rua.
Data de 1978, ainda na gestão do governador Roberto Santos e administração do prefeito municipal, José Antonio de Souza Santos, a instalação do reservatório de água da Embasa e o asfaltamento da rua que lhe deu um aspecto mais moderno e influiu na sua urbanização, como construção de casas, iluminação adequada e fornecimento de água domiciliar.
Já nos anos 80, ainda, a rua recebeu as instalações do estádio municipal Agenor Pereira dos Santos, cujas atividades atraem os moradores, sempre, que ocasiões de comemorações festivas e torneios esportivos. Por outro lado foi nesta rua, ainda numa década de 1950 que se fez a construção da primeira usina de força, com motores e geradores que abasteciam as residências e casas comerciais do centro, cujo prédio é onde hoje se situa a delegacia de polícia.
Já nos anos 80, ainda, a rua recebeu as instalações do estádio municipal Agenor Pereira dos Santos, cujas atividades atraem os moradores, sempre, que ocasiões de comemorações festivas e torneios esportivos. Por outro lado foi nesta rua, ainda numa década de 1950 que se fez a construção da primeira usina de força, com motores e geradores que abasteciam as residências e casas comerciais do centro, cujo prédio é onde hoje se situa a delegacia de polícia.
Fonte: Contribuição do meu amigo pesquisador: SANTOS,J,M,F. Memórias de Acajutiba, coletânea de fotos, contos e entrevistas obra inacabada. 1998.
Depoimento de Joselita Edeltrudes sobre a rua Saturnino (Rua da Rodagem)
A partir do Império, no século XIX, foram feitas substituições para privilegiar ou homenagear pessoas de poder. Isso continuou após a Proclamação da República em 1889 assim, é comum observar nome de ruas e avenidas que receberam nomes das famílias, pessoas que contribuíram para o desenvolvimento da cidade.Acajutiba também abraçou homenagear Saturnino de Menezes, antigo morador de Cajueiro ( antigo nome de Acajutiba), e fazendeiro da região. Este que doou toda sua propriedade á santa padroeira da cidade, nossa senhora das candeias (igreja católica).
Amor à primeira vista
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Casa onde passei minha infância (Foto: Elaborada pelo Autor) |
Ao chegar ficamos deslumbrados, com a beleza da cidade, seus cajueiros, símbolo da terra, coqueiros, jaqueiras, laranjeiras, bananeiras, mamoeiros, enfim uma terra abençoada, bastava plantar e cultivar que a colheita estava garantida.
Encontramos também água encanada, energia elétrica, um ambiente bem diferente do que vivíamos em Teotônio, povoado de Rio Real-Ba, de onde viemos e,diga-se de passagem, o meu avó Gabriel dos Anjos ficou enterrado na Igreja Católica deste povoado.
E assim, foi nesta rua, Saturnino, onde fui a escola pela primeira vez, na escola Prédio Rural e la terminei o ensino fundamental, onde dei o meu primeiro beijo, onde aprendi andar de bicicleta, onde vive os melhores e as maiores emoções da minha vida.
A primeira televisão de Acajutiba salvo engano, foi de seu Joselito Oliveira do Amor, proprietário da antiga farmácia São José, na qual trabalhei por alguns anos. Neste recinto ficavam pessoas reunidas e deslumbradas com as novelas, imagens. Logo depois veio a segunda mais assistida, a de Professora Rosália e Seu Ribeiro. Alguns anos depois minha avó, Marcolina Edeltrudes também adquiriu uma, e era pra lá que corria toda família pra assistir sitio do pica-pau –amarelo, a novela saramandáia, o globo de ouro e tantos outro programas da época.
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Rua da Rodagem (Foto: Arquivo do autor) |
Os Homens, em finais de semana, curtem um babinha e outros são frequentadores de bares, regados a conversas e cervejas para ajudar a conversa fluir quase que naturalmente, soltam a língua, confidenciando, tocando uma viola, cantando. Um ponto de encontro, uma área de lazer. Porém não vivem disto, também trabalham bastante, prestando serviço público, na agricultura, pecuária, comércio, educação, política, etc.
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Estádio Municipal Agenor Pereira (Foto: acajutibanews.com) |
Seus rios, bicas, cachoeiras próximas, suas iguarias, costumes, religião mantém a cidade viva e habitada. Temos hoje uma infeliz realidade num contexto de violência e drogas que, lamentavelmente nos entristece e nos desafia.
Acajutiba sinceramente não é mais a mesma, porém, continua sendo a nossa paixão, o nosso refúgio predileto afinal, o paraíso ainda existe, ainda que seja somente em nossas memórias e emoções.
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Joselita Edeltrudes e seus oito irmãos na Saturnino de Menezes |
Wilson Antunes Pereira, morador de Nova Iguaçu.